segunda-feira, 10 de junho de 2013

Linguagem Fotográfica

Linguagem Fotográfica

linguagem fotográfica se confunde um pouco com composição, pois há elementos em comum. Mas está um degrau acima, com um olhar mais artístico em relação à imagem produzida. O efeito de linguagem pode ser obtido com elementos como sombratexturalinhagrafismo cor, além de recursos técnicos aplicados à criação artística, como foco, velocidade corte.

Os elementos são vistos e encontrados na natureza, na arquitetura e em todas as coisas produzidas pelo homem. Desde uma bela paisagem até um simples garfo podem ser matéria para uma foto inspirada. No caso dos recursos técnicos aplicados à linguagem, são os oferecidos pelo equipamento fotográfico. Por isso, é fundamental ter intimidade com a câmera para tirar proveito deles.

O foco e a profundidade de campo, por exemplo, servem para dar maior nitidez ao primeiro plano ou ao objeto principal da composição. Mas também são aliados fantásticos para fugir da "poluição visual" que muitas vezes estraga uma boa foto.

A velocidade é outro recurso importantíssimo - mas pode ser o mais difícil de ser usado, além de exigir maior concentração. Com o controle da velocidade da câmera pode-se "congelar" uma imagem ou criar um "efeito de movimento". Já o corte nada mais é do que a forma de trabalhar o enquadramento. Um corte mais arrojado pode tirar um retrato facilmente do lugar comum. Veja a seguir 10 sugestões sobre o tema:

1 - Sombra


Em algumas situações pode ser um problema, como nos retratos quando há sombra no rosto do fotografado. Porém, este elemento se mostra um magnífico aliado para a criatividade. Pode-se enriquecer uma foto de uma árvore com a sombra de seus galhos projetada sobre o asfalto ou uma janela com a sombra de grades, criando um efeito gráfico interessante. A incidência de luz"dura" (como a do sol, principalmente das 10h às 15h) favorece a presença de sombras, criando a dramaticidade característica deste tipo de elemento de linguagem.


Uma luz por trás do assunto ou objeto pode criar uma contraluz proposital que dê a impressão de um clima mais denso para a imagem. Pode-se usar tochas de iluminação de forma a criar uma luz mais agressiva. A sombra é, sem dúvida, um elemento importantíssimo para dar ao trabalho um aspecto psicológico mais ou menos "carregado" ou com maior ou menor "força" dramática. 

2 - Grafismo

Linhas, sombras, curvas, cor... Estes elementos, em conjunto ou isoladamente, criam um efeito por vezes abstrato e plástico que despertam a atenção do olhar. Muitas vezes não se identifica de imediato o que se vê, criando-se uma situação misteriosa e forte. Há inúmeras possibilidades de criação usando-se a linguagem do grafismo. O detalhe da sombra de uma grade sobre uma superfície de textura diversificada, como na foto do exemplo, é uma das muitas formas de compor com grafismo.


O fotógrafo que se aventura a este tipo de fotografia deve ter muita atenção a detalhes arquitetônicos. O grafismo pode ser buscado tanto numa pequena textura com a ajuda de um filtro close up como num elemento distante, utilizando-se a teleobjetiva. Até a "poluição" visual urbana pode ser usada a favor da criatividade. 

3 - Cor

A cor funciona muito com um bom contraste entre o fundo e o elemento principal. Implica em saber utilizar a principal regra de composição, a de simplicidade. Nela, o que interessa é criar uma imagem com poucos elementos, limpa e sem poluição visual. É muito importante saber escolher o tema e trabalhar os detalhes. Fundamental também é fazer a revelação num bom laboratório, para que a cor não seja "falseada" na hora de ver os resultados.



 O fotógrafo deve "sentir" a cor no momento do enquadramento, perceber o contraste e saber combinar cores "frias" (verde, violeta, azul, roxo, celeste e cinza) e as "quentes" (vermelho, amarelo, marrom, laranja...). É importante fugir do excesso para que a imagem seja equilibrada e não um carnaval de cores. Em alguns casos, recomenda-se o uso do filtro polarizador para evitar reflexos indesejáveis e para ressaltar a força e luminosidade das cores. 

4 - Reflexo

Nesta foto, vê-se o reflexo num riacho, próximo a um castelo. Se a imagem for virada ao contrário, por um momento pode-se achar que está na posição certa. A luz cristalina de um final de tarde de outono empresta à foto uma tonalidade excepcional, que cria a sensação de que a torre se vê num espelho. A luz "dura" também é favorável ao trabalho com reflexos, que pode ser encontrado em mais coisas do que podemos imaginar, como vidros, vitrines, janelas, latarias, poças d'água, lagoas, prataria... Seu uso serve para criar boas e insólitas composições. 



5 - Textura

Troncos, paredes, paralelepípedos, tijolos de barro, ferrovias, fábricas abandonadas, vagões enferrujados, maçanetas... Há uma infinidade de interessantes tipos de texturas que, com um bom contraste, podem criar uma temática de grande plasticidade. É importante valorizar todos os detalhes, sabendo se posicionar em relação ao elemento a ser fotografado. A qualidade da luz é importantíssima para fotografar textura, pois é ela que vai dar relevância e nitidez.



Também a luz "dura" é um pouco mais recomendável para se trabalhar com textura. Mas não é imprescindível, como no caso da sombra. Uma luz média, na lateral, que incida sem "violência" sobre o objeto fotografado, pode ser até melhor vinda que uma luz "chapada", que tira da superfície as nuances ou médios tons - que no caso da textura, são muito importantes. Por isso, não é recomendável usar flash. Mas supondo que haja necessidade numa emergência, a luz deve ser rebatida e com cuidado de criar um bom contraste. Como na textura é importante trabalhar detalhes, é muito útil uma lente de aproximação, como os filtros close up + 2 e + 3. 

6 - Linha

A linha é um referencial importante para trabalhar o espaço e conferir equilíbrio a uma foto. A arquitetura em geral, as linhas de uma rua, palmeiras, um grupo de cadeiras enfileiradas, uma grade... enfim. Há muitas possibilidades de se encontrar esse elemento de linguagem. Portanto, antes de apertar o botão de disparo, deve-se cuidar do enquadramento, feito com cuidado e criatividade.



A linha pode ser usada para dividir ou "cortar" uma imagem. Uma janela, uma porta, a linha do horizonte, o tronco de uma árvore... Linhas verticais ou linhas horizontais surgem como opções para várias situações. Em geral, a divisão com linhas verticais indica ação, ritmo, a intenção próximo-distante. Já o uso das linhas horizontais denotam repouso, tranquilidade, frieza, a divisão céu-terra. E as diagonais insinuam dinamismo, tensão.

7 - Corte

Uma boa definição de corte numa foto seria dizer que é a opção de enquadramento para criar imagens fora dos padrões consagrados. O corte, hoje, é uma tendência mundial. Muito usado em fotografias de moda, em retratos mais ousados, é fundamental para fugir do lugar-comum e, às vezes, para criar uma perspectiva dramática ou dar maior força a uma imagem. O corte está intimamente ligado ao que foi colocado em relação à linha: um corte vertical cria uma intenção ou sugestão de agressividade e "calor"; um corte horizontal insinua uma tendência de tranqüilidade e paz.


Aparentemente "fácil" de usar, é o que mais expressa a evolução dos fotógrafos. O suíço Robert Frank, o húngaro André Kertész, os americanos Garry Winogrand e Lee Friedlander, além dos brasileiros Maureen Bisilliat ou Mário Cravo Neto, são alguns de uma longa lista de importantes fotógrafos que se tornaram exemplos consagrados de excelente uso deste recurso. 

8 - Foco

Manejar corretamente o foco é essencial para destacar um assunto e isolá-lo de um fundo confuso, com elementos indesejáveis. Outra vantagem é a da própria estética. Em muitas ocasiões, pode-se arranjar melhor os elementos com a ajuda de uma boa focalização. Macrofotografia, paisagem, arquitetura e, principalmente, o retrato funcionam muito bem com o foco aplicado à linguagem. Há um exercício interessante que consiste em colocar alguém (ou alguma coisa) numa certa distância de uma outra. Fotografar o assunto em primeiro plano e, depois, o que estiver no fundo. Desta forma surge uma nova perspectiva para o uso do foco, que deve ser utilizado como aliado na concepção de um trabalho fotográfico.


Deve-se usar a câmera no modo manual para um melhor aprendizado de controle de foco, algo que não acontece com o autofocus. Na foto do exemplo,vê-se o uso de pouca profundidade de campo - ou seja, um ou poucos elementos ficam focalizados para criar uma sensação de glamour e mistério. Em fotos em que todos os elementos se encontram focalizados é onde há uma boa ou ótima profundidade de campo. A profundidade de campo é maior quanto menor for a abertura do diafragma (f/22, f/16, e f/11, por exemplo). O contrário acontece quanto maior for a abertura (f/2, f/2.8 e f/4). 


 9 - Congelamento

Uma corrida de cavalos, um jogo de futebol, um campeonato de skate, uma cena de tourada, um Grande Prêmio de F1... Estas são situações em que para evitar fotos "tremidas" usa-se a fórmula que, em linguagem fotográfica, é chamada de efeito de "congelar". Para conseguir isso, utiliza-se velocidades altas (acima de 1/250). Mas é fundamental ter muito cuidado com a fotometria.


 Na composição da imagem o fotógrafo deve se comportar como um caçador à espera da caça, ou seja, o momento certo de disparar e "congelar" uma boa cena. O foco, de preferência, deve ser feito manualmente, acompanhando a cena ou antecipando-se a ela - como pré-focalizar o ponto exato da curva onde o carro vai passar em alta velocidade. As teleobjetivas a acima de 200 mm e os filmes rápidos (acima de ISO 400) são os ideais para essa linguagem. 

10 - Efeito de movimento

O efeito de movimento é a outra face do efeito de "congelar". Se na foto com a cena congelada vale mais a informação (como é o carro, o cavalo, o jogador, o lance...), no movimento o que importa é o efeito artístico, agradável ao olhar. A foto do exemplo apenas sugere, sem mostrar tudo. Por outro lado, há informação o suficiente para o que interessa.



Do ponto de vista de dificuldades técnicas, talvez seja o mais difícil de conseguir. Usam-se velocidades baixas, (menor que 1/60s), variável de acordo com a velocidade do objeto a ser fotografado. Uma menina numa bicicleta não tem a mesma dinâmica que um jóquei num puro-sangue... Também aqui se aplica a regra de "caçador de imagens". É bom esperar, com calma, o momento certo para disparar. Um bom treino é registrar assuntos não tão velozes, como pessoas fazendo cooper, andando de patins ou de bicicleta.




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